domingo, 15 de maio de 2016

CLÁSSICOS DO BLUES DUST MY BROOM - Segunda parte



Outra grande questão que assola fãs e pesquisadores na versão de Robert Johnson está no termo “dust my broom” e seu significado. Essa expressão viria do fato de que “dust” seria um termo muito usado durante o século 18, e que significava “ir embora rapidamente” (depois, se tornou “get up and dust”). Há quem diga que sua origem é bíblica: no evangelho de Mateus, existe uma passagem que Jesus diz que “se alguém não os receber nem ouvir suas palavras, sacudam a poeira [dust] dos pés quando saírem daquela casa ou cidade”.

Mesmo com essa explicação aparentemente simples, a versão de Johnson, como tudo que envolve seu nome, é carregada de mistério. Mais de um pesquisador tenta conferir à letra um caráter de magia negra, com teorias que vão desde o famoso “deixar a vassoura atrás da porta” (por causa do “broom”) que espantaria um visitante indesejado, até ao preparo de um encantamento para matar o amante da mulher — diversos feitiços de vodu usavam algum tipo de pó [dust]. Segundo eles, Johnson afirmar que “o negro que você ama pode ficar com meu quarto” provaria apenas que ele está apenas montando uma armadilha para o sujeito.

Por outro lado, o fato dele dizer que “o negro que você ama pode ficar com meu quarto” também completa a simples ideia de “estou indo embora”. Ao invés de um encantamento de vingança, seria apenas uma declaração de “que se dane" para o relacionamento. É uma interpretação que funciona.

Apenas como curiosidade: a versão de Johnson ainda traz, no final, referências geográficas impensáveis para alguém que mal colocou os pés fora do Mississipi, mas já se foi provado que os versos foram tirados de fatos da época, como a invasão japonesa na Manchúria, a segunda guerra entre Itália e Etiópia e a formação da Commonwealth das Filipinas.


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